9 de nov. de 2009

Uma história romena do aborto (1966-1990)

Em 1966, o ditador comunista da Romênia, Nicolae Ceausescu, declarou ilegal o aborto. "O feto é propriedade de toda a sociedade" - afirmou ele - "qualquer um que evite filhos é um desertor."

A proibição do aborto por Ceausescu visava a alcançar um dos seus maiores objectivos: fortalecer a posição da Romênia através de um boom demográfico. Até aquel então a Romênia praticara uma das políticas mais liberais do mundo com relação ao aborto. Depois, practicamente de um dia para o seguinte, o aborto estava proibido, salvo para as mães de mais de quatro filhos e as ocupantes de cargos no PC. Proibiram-se, ao mesmo tempo, todos os métodos anticoncepcionais e a educação sexual.

As medidas de Ceausescu produziram o resultado desejado. Um ano depois da proibição do aborto, o índice de nascimentos na Romênia dobrou. Esses bebês nasceram em um país onde, a menos que se pertencesse à elite comunista, a vida era miserável. Comparadas às crianças romenas nascidas apenas um ano antes, as nascidas após o banimento do aborto viriam a sair muito pior sob todos os aspectos possíveis: piores notas na escola, menos sucesso no mercado de trabalho e mais propensão para se tornar criminosas. Por outro lado, o número de abortos ilegais também aumentou da mesma maneira que o fez a mortandade materna nesse periodo.

A punição do aborto durou até Ceausescu finalmente perder o controle da Romênia. Em dezembro de 1989, milhares de pessoas - a maioria adolecentes e jovens sem futuro- foram para Timisoara a protestar contra o regime. A polícia matou dezenas destes manifestantes. Poucos dias depois do massacre, Ceausescu deu um discurso em Bucareste. Novamente, a mocidade descontente e violenta mostrou a sua força e silenciou Ceausescu aos gritos de "Timisoara!". A hora final de Ceausescu chegara.

Nota: Resumido e adapatado de Freakonomics - Levitt & Dubner